Escoliose é uma curvatura anormal na coluna quando olhamos de costas. Inicia-se mais comumente na fase da adolescência.
Entre os tipos de escoliose, a mais comum é a escoliose idiopática, que é um termo médico sinônimo de “sem causa definida”.
Para entender os sintomas e como é possível ser feito o tratamento, leia meu artigo sobre escoliose idiopática:
A escoliose é uma doença que causa um desvio na coluna em formato de S ou C. É uma patologia que na maioria dos casos é assintomática, porém pode evoluir com sintomas de acordo com sua progressão.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, 80% dos casos de escoliose são idiopáticas e a maior parte são curvas pequenas. Em curvas mais avançadas, pode limitar a mobilidade da coluna e até mesmo, reduzir o espaço dentro do tórax, podendo levar a alguma restrição cardiorrespiratória.
A progressão da curva é mais comum durante a fase de estirão do crescimento e adolescência (até os 18 anos). Ela inicia-se mais comumente na adolescência. Chama-se idiopática porque não há causa específica para o seu aparecimento.
A escoliose idiopática ainda se classifica de acordo com a idade de início:
É importante entender que não é a postura corporal inadequada que causa a escoliose idiopática, mas a curvatura da coluna causada pela escoliose que é responsável pela má postura.
Muitas vezes a escoliose não é visualmente perceptível, pois grande parte dos casos são curvas leves e até curvas duplas (que se compensam no exame físico).
Os sinais mais comuns no exame físico são:
É um diferencial ao bom prognóstico do paciente portador de escoliose a constante observação dos pais, que devem observar suas crianças desde cedo praticando atividades comuns como brincar e se vestir para perceber quando há desvios de coluna. Nem sempre essa tarefa é fácil e muitos casos só são perceptíveis ao exame de um profissional de saúde especialista na área.
Para a escoliose idiopática que se manifesta na infância e adolescência, o teste de Adams, que flexiona o tronco para frente e para baixo, é bastante útil para o diagnóstico precoce.
Esse exame é realizado em poucos segundos e permite a identificação de desvios anormais no alinhamento da coluna bem como perceber assimetrias no tronco, como, por exemplo, um lado das costas ser mais alto que o outro. Em curvas leves pode estar normal e imperceptível.
O histórico clínico detalhado junto com informações sobre o crescimento do paciente é importante para o devido diagnóstico. O histórico familiar também é fundamental. O exame físico é parte importante no diagnóstico, pois irá avaliar sinais específicos de escoliose (inspeção, palpação, medições, exame neurológico e manobras especiais).
O médico especialista em coluna conseguirá atribuir o diagnóstico através de exames de observações posturais, ortopédicas e de exames de imagens como radiografias panorâmicas, ou outros exames, quando necessário.
Boa parte dos casos da escoliose idiopática diagnosticada na adolescência é leve, e o tratamento baseia-se em observação médica regular e reabilitação motora.
Caso a escoliose seja leve, a alteração da coluna pode até estar associada aos sintomas de fraqueza e/ou encurtamento muscular.
O tratamento mais preconizado e conservador é a fisioterapia a partir de técnicas como a Reeducação Postural Globalizada (RPG), com exercícios que alongam e fortalecem a musculatura mantendo o equilibro da coluna vertebral.
Medicamentos anti-inflamatórios, analgésicos e relaxantes musculares raramente são necessários, mas podem ser prescritos para dar conforto e melhorar a qualidade de vida do paciente com escoliose idiopática, em casos selecionados.
Em alguns casos, também é recomendada a prática de exercícios físicos de fortalecimento como a musculação, alongamento e também o Pilates, visando também a correção de postura. Exercícios na água são excelentes (hidro, natação, etc.).
No entanto, devem ser evitados os exercícios que sobrecarregam demais a coluna, como o agachamento com barra e exercícios repetitivos de flexão/extensão do tronco com pesos. Exercícios isométricos de fortalecimento do CORE e musculatura paravertebral são excelentes.
Na maioria dos casos da escoliose idiopática adolescente o tratamento é feito de acordo com a magnitude da curva e o potencial de crescimento do paciente.
Em caso de escoliose leve (curvatura até 20 graus), o tratamento é a correção postural, exercícios específicos para coluna e constante reavaliação clínica e radiográfica para perceber as mudanças. O acompanhamento médico e fisioterapêutico é fundamental.
Quando a curvatura é um pouco maior (20 a 40 graus) e o paciente está em fase de crescimento (cartilagem de crescimento aberta), é recomendado o uso de órteses/coletes para evitar uma progressão acelerada da curva (apenas durante a fase de crescimento).
Colete de Boston
Os coletes mais usados para escoliose idiopática são:
A seleção de cada colete depende de vários fatores, como grau da curva, posição da curva (onde está o ápice da curva), entre outros que são avaliados devidamente pelo especialista em coluna.
No entanto, é importante saber: o colete para a coluna nem sempre reduz a curva.
O papel do colete é de diminuir a progressão da curva, fazendo com que ela não avance rapidamente durante o estirão do crescimento do paciente.
Durante o crescimento da criança e/ou adolescente, o colete é ajustado, pois à medida que os pacientes vão crescendo, os apoios e tamanho devem ser mudados. Esse acompanhamento deve ser regular com o médico especialista e radiografias seriadas com colete são solicitadas.
A cirurgia para a escoliose idiopática começa a ser recomendada quando as curvas são maiores do que 40 a 45 graus e continuam a progredir, e para a maioria dos pacientes com curvas maiores que 50 graus. Essa avaliação sempre deve ser feita em conjunto com o exame físico do paciente e deve ser avaliada criteriosamente caso a caso.
O objetivo da cirurgia é reduzir a curva e evitar a progressão da deformidade.
Curvaturas graves (maior que 50 graus) são mais propensas a progredir na vida adulta. Quando uma curva progride para 70-90 graus, ela não só determina uma deformidade muito severa, mas muitas vezes pode resultar em comprometimento cardiopulmonar, por diminuir o espaço disponível para os pulmões e o coração.
Normalmente, cerca de 50% ou mais de correção pode ser obtido com a cirurgia utilizando sistemas de instrumentação (materiais cirúrgicos) modernos. Esses materiais utilizados são compostos por parafusos, ganchos e hastes metálicas com o objetivo de manter a coluna alinhada.
Uma vez que ocorre a fusão óssea após a cirurgia, a coluna vertebral não se move naquele segmento e a curva pára de progredir. Geralmente não é necessária a remoção dessas hastes e parafusos.
A cirurgia é realizada na região posterior da coluna (parte de trás das costas) e em alguns casos especiais e raros de curvas rígidas, pode ser associada uma cirurgia pela frente.
Geralmente o procedimento tem duração média de 3 a 5 horas. Em todos os casos são utilizados equipamentos especiais de monitoração da função neurológica do paciente durante todo o procedimento de correção da curva (potencial evocado somatossensitivo).
Após a cirurgia da escoliose, os pacientes geralmente começam a sentar na cama no dia seguinte e andar no segundo dia após a cirurgia.
O tempo de internação hospitalar total é geralmente de 3 a 4 dias. Os pacientes podem voltar para a escola/trabalho cerca de 2 a 3 semanas após a cirurgia, mas sua atividade esportiva deve ser limitada até a consolidação óssea da cirurgia (fusão/artrodese). Esse tempo leva de 4 a 6 meses. As demais atividades são liberadas.
Não. Não há necessidade de coletes após a cirurgia, muito menos deixar de fazer sua atividade habitual. Entretanto, é importante notar que alguns movimentos podem ser um pouco limitados e até causar dor nos primeiros três meses após a cirurgia. Esses movimentos são o de flexão total da coluna (dobrar a coluna para a frente), levantamento de pesos e torção do tronco (girar o tronco com o quadril parado).
Geralmente o paciente é acompanhado com exames periódicos de raio-x para avaliar a consolidação óssea (fusão) da cirurgia até os primeiros 6 meses da cirurgia. Após este período o acompanhamento é anual. Uma vez que o osso teve uma fusão sólida, nenhum outro tipo de tratamento é necessário.
Os pacientes podem retomar níveis normais de atividade após a consolidação da cirurgia e não há limitações residuais. Pacientes do sexo feminino podem engravidar normalmente e até ter parto normal.
A fisioterapia é extremamente necessária para estabilizar a musculatura do paciente, e por isso, causa melhora das dores e aumento da qualidade de vida.
Em escolioses idiopáticas de ângulos leves (até 20 graus), é possível controlar bem os sintomas e ter um ótimo resultado funcional.
É necessário garantir a proteção para todas as estruturas da coluna vertebral, assim, deve-se:
A escoliose nem sempre é um diagnóstico fácil de ser realizado e as dúvidas e inseguranças por parte dos pacientes e sua família são comuns. Por isso a necessidade sempre de uma avaliação de um médico especialista em coluna para um diagnóstico precoce e um melhor tratamento.
Caso o paciente apresente alterações funcionais e dores constantes na coluna, além de assimetria nos ombros, procure o acompanhamento ortopédico.
Muitos pacientes carregam dúvidas quanto à escoliose idiopática, visto que existem diversas abordagens e tratamentos acerca deste tipo de deformidade na coluna, como:
Sim, a escoliose é uma curvatura lateral da coluna e em casos leves ou duplas curvas que se compensam pode ser difícil descobrir visualmente.
A cirurgia de escoliose só é indicada para graus mais acentuados, como aqueles progressivos, que vão acima de 50º. Em pacientes jovens e com grande potencial de crescimento, pode ser indicada antes. Contudo, antes de partir para a intervenção cirúrgica, são realizados diversos exames para que o procedimento seja feito de maneira segura e assertiva.
Em alguns casos sim. Atualmente, terapias manuais, que promovem o fortalecimento da musculatura da coluna, como a fisioterapia e a Reeducação Postural Global, são medidas conservadoras e que tendem a apresentar resultados satisfatórios em pacientes com escoliose idiopática.
A medição do grau da escoliose é feita através de testes clínicos pelo médico especialista em coluna. O ângulo exato (chamado ângulo de Cobb) pode ser aferido através de radiografias panorâmicas de boa qualidade.
Sim, os coletes para escoliose auxiliam a diminuir a progressão acelerada da curva durante a fase de crescimento. Contudo, é preciso fazer o uso de outras terapias para correção total do quadro, assim como ter o acompanhamento de um médico especialista em coluna.
Caso o paciente seja portador da escoliose idiopática, mas não apresente um grau severo, a má postura, excesso de peso, além do sedentarismo, são problemas que influenciam negativamente na escoliose.
Quando avaliamos ou mesmo suspeitamos de um caso de escoliose, o fundamental é o diagnóstico precoce para uma tratamento mais efetivo e menos invasivo. Por isso, na dúvida sempre procure um médico especialista em coluna e de preferência que tenha experiência com escoliose.
Sem comentários